sexta-feira, junho 23, 2006

Festa II


o corpo sabe ao cheiro das plantas vivas
limpíssimas de borco sob as nuvens
e amanhã cedo dança e bebe e canta
até ao escurecer e a noite ruma
a mais canto a mais vinho a mais dança
ao despegar das vestes já molhadas
de tanto ardor e fresco fogo límpido
na pele colada à pele e a vida espalha
cintilações do sangue os reflexos
de quem chegou ao cume em extremos brados

é quando o espaço quebra e o corpo ganha
na órbita de tudo a sua cor
e todo o olhar se espanta e não sossega
em súbita certeza de acordar:
como é possível sol se sol formal
se só sinal de tempo ou dia morto?

é quando o corpo dança e esse corpo
descobre a própria voz feliz retorno


João Rui de Sousa
Fotografia: Paulo Medeiros (www.Olhares.com)

3 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Não conheço o autor (JRS) mas o poema é muito bom.
Beijinhos e bfs.

Paulo disse...

Gostei muito do poema e da fotografia. Lindíssima. Como me dizia a Ró, as tuas fotos (ou as escolhidas por ti), são espantosas. Beijinhos. :)))

disse...

Eu não devia estar aqui a dizer isto.....mas se lj´he pedires a ela,com certeza mostra-te as fotos.Neste nosso blog não tem muitas dela, só no início.Bjs