

A minha amizade por ti tem agora mais dedos, mais carícias - encontro nas rugas do meu coração seco restos de rimel, restos do pó-de-arroz que trocávamos, na casa de banho dos bares e dos cinemas, para esconder as lágrimas e fazer de valentes, na década em que éramos ainda demasiado inocentes para podermos ser corajosas.
Maquilhávamo-nos até ao coração - e hoje, em vez de coração, temos desertos onde brilham as pedras negras do rímel derretido nas nossas primeiras lágrimas. Parámos de chorar para sermos fortes - e olha, estou convencida que as rugas e os cabelos brancos, a flacidez no corpo e o desalento no espírito, tudo isso nasce da falta de lágrimas sobre a qual construímos a nossa ilusória maturidade.
Inês Pedrosa in "Carta a Uma Amiga"~
Maquilhávamo-nos até ao coração - e hoje, em vez de coração, temos desertos onde brilham as pedras negras do rímel derretido nas nossas primeiras lágrimas. Parámos de chorar para sermos fortes - e olha, estou convencida que as rugas e os cabelos brancos, a flacidez no corpo e o desalento no espírito, tudo isso nasce da falta de lágrimas sobre a qual construímos a nossa ilusória maturidade.
Inês Pedrosa in "Carta a Uma Amiga"~
Fotografia: Jean-Michel Dupierris
Mar
Mar
1 comentário:
Tão linda essa carta, até parecia ter sido escrita por ti, amiga. Bjo.RÓ
Enviar um comentário