sábado, abril 29, 2006

Cordas de Solidariedade

Fotografia: António Neto

Dá-me a tua mão...




...talvez o percurso ainda seja longo...

Música: Zero7

Video: Mag

quarta-feira, abril 26, 2006

Coração de gente


vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo
mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei
qual - e eu sofri.
vivi todas as emoções, todos os pensamentos,
todos os gestos, e fiquei tão triste como
se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
amei e odiei como toda a gente ,
mas para toda a gente isso foi normal e
instintivo, e para mim foi sempre a excepção,
o choque, a válvula, o espasmo.
Fernando Pessoa
Fotografia: autor desconhecido

terça-feira, abril 25, 2006

Sonho

Fernando Pessoa
Fotografia: Mar

segunda-feira, abril 24, 2006

Outras memórias


Brisa suave
ondular do lago
deslizamentos
qual bailado.

Esperas abstractas
sons repetidos
movimentos libidinosos.

Escutas cúmplices
e outros espaços maternais
cumprindo assim
o ciclo.

Vento viajante
sons convergentes
risos azuis.

Silêncios
mornos.

Outras
memórias.


Fotografia: autor desconhecido

quinta-feira, abril 20, 2006

Sentires


hoje sinto


que não me sinto

Fotografia: autor desconhecido + Mar


terça-feira, abril 18, 2006

Os meus dias II



Vou serena.
Sou viajante
neste alentejo
onde encontro
encantos profundos,
mágicas paisagens.

Vou serena.
Sou viajante.

Vou serena.
Sou viajante
neste alentejo
onde encontro
sons transparentes,
matizes deslumbrantes.

Vou serena.
Sou viajante.

Vou serena.
Sou viajante
neste alentejo
onde não te encontro
nem te procuro.


Mar (video e poema)
Música: Massive Attack

segunda-feira, abril 17, 2006

O teste






Ele e ela atirados no sofá, cada um para um lado. Ela lendo uma revista, ele lendo um jornal. Ela se debruça por cima dele, procurando alguma coisa na mesinha ao lado do sofá, depois enfiando a mão entre as pernas dele e o estofamento. Ele pensa que a intenção dela é outra e se entusiasma.
- Epa. Opa. È por isso que eu gosto dessas revistas femininas. São puro sexo… Cento e dezassete maneiras de atingir o orgasmo usando utensílios domésticos, inclusive o seu marido. Chuchu, esse afrodisíaco desconhecido. Você também pode ter os seios novos da Xuxa, quando ela não estiver usando…vocês começam a ler essas revistas , se excitam e….
- Encontrei.
- Claro que encontrou. Você pensou que ele tivesse se mudado? Continua no….
- O lápis. Eu sabia que ele estava dentro do sofá.
- Lápis?
- Pra fazer este teste da revista. Vamos lá. «Você chega em casa e diz que precisa fazer uma reavaliação das suas prioridades, recuperar o seu espaço pessoal e dar um tempo para o casamento, e declara que vai viajar sozinha. Ele, a) dirá que tudo bem, desde que você faça um rancho no supermercado antes de ir, b) acusará você de ter um amante e exigirá saber quem é, c) dará uma risada e diz ‘ boa, boa, conta outra’, ou d) dirá que entende você e apoia sua decisão». «Você» no caso, sou eu.
- E «ele» sou eu?
- «Ele» é você.
- D.
- O quê?
- D. A resposta dele, que sou eu, é D.
- Você me entenderia e apoiaria?
- Sem a menor duvida.
Ela anota com o lápis, não muito convencida, e continua.
- «Ele» tem um hábito que você não suporta, mas nunca mencionou. Um dia, você resolve falar e pede que ele pare, senão enlouquece. Ele a) dirá que você tem vários hábitos que também o deixam maluco e só pára se você parar, b) dirá que devemos aceitar as pessoas como elas são, com todas as suas imperfeições, e que você está sendo insensível e intolerante, c) dirá que fará o possível para parar, pois a sua aprovação é a coisa que ele mais preza, ou d) negará que tenha um hábito e dirá que você só está atrás do motivo para criticá-lo».
- C.
- C?
- Ele disse C.
- Se eu pedisse para você abandonar um hábito que me incomodasse…
- Eu pararia na hora.
- Mesmo?
- Mesmo.
Ela anota e recomeça a leitura.
- «Você…»
- Espera um pouquinho. Esse teste não é para mim. É pra você. É para a mulher responder o que espera do marido. Que tipo de homem ela pensa que ele é. No final, dependendo das resposta, a revista diz «Separe-se desse monstro imediatamente!» Ninguém quer saber as nossas respostas. Desprezam a nossa auto-avaliação.
- Não é bem assim…
- É, sim. É por isso que eu não gosto de revistas femininas. Não têm o menor interesse em homem, a não ser como objecto sexual. São feitas por mulheres, para mulheres. E o que é que q mulher mais gosta de ler, ouvir e ver? Outras mulheres. Alguém já viu um homem na capa duma revista feminina? Nunca. É tudo narcisismo. Delas para elas. Até os testes.
Ela atira a revista e o lápis longe.
- Pronto. Acabou o teste.
Ela o abraça.
- Ficou bravinho, ficou?
- Sentido.
Ela o beija. Ele se deixa beijar. Ela o beija com mais ardor. Ele enfia a mão entre as pernas dela. Ela faz « Mmmmm. È assim que eu gosto». Ele diz:
- Encontrei.
- O quê?
- O controle remoto.
E liga a televisão.

De Luís Fernando Veríssimo
Fotografia: autor desconhecido



Pergunta-me


















(...)

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer


Mia Couto

fotografia: Michel-Jean Dupierris

quarta-feira, abril 12, 2006

Gosto


Gosto de te ver a rir e a brincar, gosto do teu cheiro e do teu olhar gosto de te ter sempre perto e de sentir que tudo está certo, de saber que afinal vale a pena acreditar que um dia a paz acaba sempre por chegar, que não há esperas nem dias perdidos, que todas as noites são de lua cheia e todas as manhãs estão cheias de ti, meu amor, quero-te, quero-te, quero-te.

In As crónicas da Margarida, de Margarida Rebelo Pinto

Fotografia:

terça-feira, abril 11, 2006

O Amor é Amor

O amor é o amor - e depois?
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

o meu peito contra o teu peito
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa cama estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? - espirito e calor!

O amor é o amor - e depois?




Alexandre ONeil

Mar

Fotografia: autor desconhecido


O Amor

O Amor é um pássaro verde
Num campo azul
No alto
Da madrugada.


Poema de : Victor Barroca Moreira-9 anos ( ex- aluno de Mª Rosa Colaço)
Desenho: Cintia Prates- 4 anos





segunda-feira, abril 10, 2006

Belle




Oi Linda
Bella che fa?
Bonita, bonita que tal?
But belle
Je ne comprends pas français
So you'll have to speak to me
Some other way

Jack Jonhson

Mar

domingo, abril 09, 2006

Fragmentos

...

Fragmento de poema: Carlos

Mar

Fotografias: Mar

sexta-feira, abril 07, 2006

O amor acontece?



Um dia destes recebi um convite para aderir a um site denominado LoveHappens.
Curiosa, aderi, deambulei por ali, encontrei umas caras engraçadas... uns perfis com piada... fiz uns testes com piada (cujo resultado é só um cheirinho para nos levar a pagar)... e andei por ali divertida, como se não tivesse mais nada para fazer.
Eis senão... quando começam a chegar Icebreakers - frases feitas, para quebrar o gelo.
Se o meu filho soubesse dizia logo, "mããããeeee, só tu! isto são sites de "engate" e prostituição!!!! A minha mãe é doida!" LOL!
E eu acorria a responder-lhe "foi só uma brincadeira", tal como aconteceu no hi5 quando eu mandei convites para ele e para o primo e ei-lo todo escandalizado e embaraçado com a mãe ...
Bem o facto é que recebi uns icebreakers, como estava a dizer, de uns rapazes muito simpáticos, pelo menos pareciam.
E o que é que uma pessoa diz numa situação destas? Que conversas é que se podem ter?
Meio à toa, enviei sorrisos, cheiros de Primavera... LOL... e desejei bom fim de semana a todos!
Aqui vão os sorrisos, os cheiros de Primavera e
um bom fim de semana
simpáticos Icebreakers
Mar

Fotografia: Mar

quinta-feira, abril 06, 2006




















Fiquei... digamos que... feliz!
Sim, feliz.
Luis Ene, por cujo punho "eu escrevo", fez uma referência ao meu post no seu blog
que passo a citar:

"Os poemas, como outro qualquer texto literário, precisam tanto de autores como precisam de leitores. E não há bons textos sem bons leitores. Aqui fica o meu agradecimento a uma leitora que, sentindo um poema que eu escrevi como se fosse seu, o fez afinal seu, sim, porque esse poema que leu como se fosse seu é agora dela também.

Não lemos, lemo-nos. Ou pelo menos assim deveria acontecer mais vezes."


E é tão verdade... Obrigado Luis e continua
a escrever por mim,
para que eu me leia em ti.

Mar

Fotografia: Clara Ko

segunda-feira, abril 03, 2006

O grande baú


Poesia......pois é, eu também dou comigo a identificar-me com alguns poemas que guardei no meu livrinho,com outros que oiço dizer e mais ainda, com os que os amigos me enviam ou leio por aí. E pego neles, "visto-os" como meus e dou de oferta a quem queira ler, em especial aos meus amigos! E tenho a certeza que todos gostam de serem "lidos", como diz Luis Ene.
Já com os filmes que vemos acontece o mesmo, damos por nós a colarmo-nos a este ou àquele papel; e nos livros. E nesse momento pensamos que se estivéssemos no lugar do realizador, faríamos exactamente assim.
E são estas e outras emoções que metemos a salvo no nosso baú...
E eu fico emocionada por podermos soltar embora em separado, mas em paralelo, todos estes véus.


Fotografia:

domingo, abril 02, 2006

Lembro-me tão bem

Dantes tinha a presunção de amar mais profundamente que qualquer outra pessoa. O que lia só fazia sentido no meu ler, só a minha emoção lhe dava vida.
Hoje, é claro que atingi aquilo que chamam o "distanciamento" de nós, que se atinge na idade adulta, o que me dá o prazer da cumplicidade. No entanto, por vezes, dou comigo a ler coisas que, bem lá no fundo, acredito que só eu as entendo como entendo, como se tivessem sido escritas para mim.
E tem sido nestas andanças de blogs, que me tenho dedicado mais à poesia... porquê, talvez saiba... que me tenho deparado com poemas, principalmente poemas, que se agarram a mim como se fossem meus. Queria mesmo ter sido eu a escrevê-los. Queria que o meu nome assinasse aquele poema. queria agarrá-lo e guardá-lo e saboreá-lo e ... quase como quem ama.
É o caso de Luis Ene e este poema que passo a trancrever, entre tantos outros, os quais, indevidamente, gostaria de chamar meus

Lembro-me tão bem:
lembro-me da forma
como me tocaste o rosto
com as pontas dos dedos
e me beijaste numa carícia
de pétalas vermelhas.

Lembro-me tão bem:
lembro-me de acordar
e sentir-te ainda,
desejar-te ainda,
e fechar os olhos
e tentar adormecer e
não, não, não conseguir.

Lembro-me tão bem
lembro-me tão bem
da forma como te sonhei.

Mar
Fotografia: Mar