sexta-feira, março 31, 2006

Flores do meu jardim
















Hoje trago-te flores do meu jardim
ofereço-te a Primavera amiga
num abraço de aromas frescos
e cheiro a jasmim

Mar

Fotografia: Mar

A visita




....
eu sei, tu estás de visita. côrte frágil de
um reinado breve.

eu, dou um passeio na praia. mergulho
nas algas a solidão de não ter cais. no céu
fazem festa as gaivotas. anunciam sem que-
rer, outro país.
....

Poema: a visita, in Caminhos Ensinados, de Conceição Lobo
Fotografias:

Para atravessar contigo o deserto do mundo


Para atravessar contigo o deserto do
mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da
morte
Para ver a verdade para perder o
medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha
imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento


Poema:Sophia de Mello Breyner Andresen
Estampa de : Kubo Shunman

quinta-feira, março 30, 2006

Por onde andas?


Por onde andas
que nada sei de ti...

e não te encontro
como se o teu tempo flutuasse

Regresso a ti num alvoroço
esperando novidades da minha ausência

e não te encontro
como se o teu mundo se desviasse

Por onde andas
que nada sei de ti...
Mar
Pintura: Martial Raysse La Grande odalisque

quarta-feira, março 29, 2006

Damian "maravilhoso" Marley!!!


Anunciado às massas por um speaker - o mensageiro de Haile Selassie - Damian Marley deu inicio a um espectáculo inesquecível e bombástico ao nível das novas componentes urbanas do reggae - ragga, dancehall, hip-hop, mas sempre, como não podia deixar de ser, em território reggae.
"Beautiful" é lindo, mas "There for You" foi um dos momentos mais altos do espectáculo (pena não ter encontrado o clip)

"Bless your eyes and may your dreams come true
May you rise on the morning when Jah kingdom come
Good deeds aren't remembered in the hearts of men
("Till shiloh I shall not forsake thee")
Now and forever more
Forever more..."

Ao fim de uma hora de espectáculo Damian puxou do legado do pai, e aí foi bombar como se Bob Marley himself lá estivesse.
Maravilhoso ser transportado assim anos atrás ... e ficar com uma energia carregada no máximo!!!

Pena que não estivesses lá, amiga!

Mar

domingo, março 26, 2006

Apoie a causa!
























Mar

Teatro para bebés

1, 2, 8, 9, 15, 16, 22, 23, 29 e 30Abril 2006
11.00h
Casa doElefante—Setúbal
Marcações: 265 535 640 / 964 868487

Não deixem de ir e divulguem
Mar

Madrid me mata!


"La visión impura" - instalações, performances, video, pintura, fotografia e escultura - são exemplos do carácter hibrido desta exposição composta pelas obras eleitas entre as últimas aquisições do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia em Madrid!
Claro que não pude tirar fotografias!
E como lamento não poder partilhar aqui Louise Bourgeois, Harun Farocki com a sua poderosa e inquietante video instalação "Pensava que veía presidiarios";
Alberto Burri com as suas pinturas com materiais que sugerem tudo menos pintura, desde o trapo ao fogo... (deliciei-me e emocionei-me com a criatividade e soluções expressivas de extrema elegancia estéctica que o autor explorou);
Adolfo Schlosser com a escultura em madeira, pintura e instalações de materiais recolhidos na natureza e de extrema simplicidade, mas com soluções grandiosas ...


Um fim de semana ...
... sem palavras!!!

Mar

quinta-feira, março 23, 2006

Carta a uma amiga














A minha amizade por ti tem agora mais dedos, mais carícias - encontro nas rugas do meu coração seco restos de rimel, restos do pó-de-arroz que trocávamos, na casa de banho dos bares e dos cinemas, para esconder as lágrimas e fazer de valentes, na década em que éramos ainda demasiado inocentes para podermos ser corajosas.
Maquilhávamo-nos até ao coração - e hoje, em vez de coração, temos desertos onde brilham as pedras negras do rímel derretido nas nossas primeiras lágrimas. Parámos de chorar para sermos fortes - e olha, estou convencida que as rugas e os cabelos brancos, a flacidez no corpo e o desalento no espírito, tudo isso nasce da falta de lágrimas sobre a qual construímos a nossa ilusória maturidade.

Inês Pedrosa in "Carta a Uma Amiga"~
Fotografia: Jean-Michel Dupierris

Mar

Silêncios




Os meus silêncios são cruéis e duros,
Nas trevas dos dias que me ensombram,
Nas noites em branco que me tombam,
Nas lágrimas, nos vales e nos muros

Será que sabes ler-me sem me ler?
Será que no teu peito ainda existo?
Ou fui sublinhado em mero risco
Daqueles sem expressão e sem se ver?

Que raros são os momentos de paixão...
Que emergem de caudais de solidão
E se fecham em silêncios de ternura...

Segue os trilhos dos minutos que viveste
Pergunta a ti própria se cresceste...
Abre as portas aos riachos da censura

Ângelo Gomes16 de Dezembro de 2004 – 17h43
Fotografia:


quarta-feira, março 22, 2006

... e minha também...



Causas perdidas
são as
que me dão vida

Por isso te quero
terra minha

Por isso aterro
a minha casa
construo outra,
igual, parecida.

Ruy Cinatti
Mar
Fotografia: autor desconhecido

África minha

http://www.nowmediawebcasting.co.za/clients/sanparks/kruger/mp100k.htm

Lucutúkuè



http://www.sanparks.org/parks/kruger/get_there/default.php

Lukutúkuè, sua muita tristeza!.... Filho Zeca foi embora, ficou escondido na mato -- agora mesmo coisa ele é bicho, agora mesma coisa ele é manbandido, filho Zeca, agora Lukutúkuè que nunca há-de ver outro seu filho, nunca que há-de ouvir voz dele falar outro vez sua gingação, parece é mesma coisa seu filho Zeca morreu....

de Ascêncio de Freitas, in "e as raiva passa por cima, fica engrossar um silêncio"
Foto:

segunda-feira, março 20, 2006

De ontem

....
descansemos no abraço da noite súbito

caída também nos nossos braços. assim abertos.

assim no cansaço das coisas que são nossas.

lentamente dizes do que sabes. eu invento e

penso que ouvindo-te estremeço. e que medo

eu tenho do vento falando-te nas mãos.
...
de Conceição Lobo, in Caminhos Ensinados

Fotografia: autor desconhecido

sexta-feira, março 17, 2006

A nuvem baleia




Um suave fim de semana.
Mar

Pensamentos gelatinosos

Não escrevemos para expressar emoções mas sim para nos libertarmos delas.

Luis Ene

Reza, Maria!

AH, Maria
põe as maõs e reza.
Pelos homens todos
e negros de toda a parte
põe as mãos
e reza, Maria!
Poema: José Craveirinha
Foto: Li Sun

quinta-feira, março 16, 2006

Are Geisha Prostitutes?

Are Geisha Prostitutes?
Marc Canter

................................................................................

The Japanese have elevated prostitution to a fine art. There are many grey areas - between pure hooker (who are usually Chinese or Phillipina girls) versus Geisha. Hostess bars plop a beautiful woman down - in between each business man - who put their hand on your knee, laugh at your jokes and pour your drinks. They then accompany you outside and hail a cab for you. But sex is never a part of the equation.
Lots of blond and buxom American and Europeans are imported for both hostess bars and strip joints, but only a pure bred Nippon Jin (Japanese) can be a Geisha (do don't believe that Shirley MacClaine movie!) Japanese actually take pride in their Geisha tradition.


quarta-feira, março 15, 2006

Sopros de amizade

O tempo pode ser curto,
mas há sempre instantes
(por mais fugidios)
para lembrar
e lançar
sopros de amizade
errantes
de cá
para lá
de lá
para cá
Mar
Fotografia: autor desconhecido

segunda-feira, março 13, 2006

Esmola


Caiu-me uma gaivota
Nas mãos
Quando as estendia a esmolar.
E eu tinha fome
E mais sede...

....Então, abri-lhe as asas
No seu último desejo de vida
Dum voo livre.

E antes que morresse
Pediu-me
Que lhe bebesse todo o sangue
Quente
Vivo ainda
Para eu assim continuá-la
Desesperadamente.

Ai de mim
Que me tornei loucura
E preciso de ir mais além
Bem longe, longe
E aí tombar
Numa agonia doce, dolorosa.


Fotografia: Pintura de António Inverno ( pintor alentejano )


Em todas as ruas


Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

Mar

Fotografia: Michel-Jean Dupierris

sexta-feira, março 10, 2006

Para ti

Hoje trago uma mão cheia



de música







e flores


para ti

Mar

Fotografia: Mar

Pas de deux

O NOSSO AMOR ADORA SUSTER
O AR QUE INSPIRA E SORVE SÓ P'RA VERTER
ÁS VEZES O NOSSO AMOR DEMORA A
CRESCER
PARECE QUE TEM MEDO DE NÃO CABER, DE NÃO CABER

Letra: Helder Gonçalves
( da música dos Clã)
Fotografia:
Paulo Abrantes

Os meus dias














Mastigo as palavras, engulo
(desespero ao acordar)
Sinto a implusão eminente.
A névoa tolda-me a visão
Desloco-me pela estrada, dolente.

Vou sonâmbula
Vou dormente
Empurro a rotina à minha frente.

No frio, que inalo displicente,
embrulho desejo e emoção.
E este caminho dos meus dias
Mantém-se quedo, ausente,
Mudando quando a alma está presente.

Vou sonâmbula
Vou dormente
Empurro a rotina à minha frente.

Mar

Fotografia: Mar

EXPERIÊNCIA

CONSEGUI!!!!! Tô flix



Obrigado Carlos.
Mar

quinta-feira, março 09, 2006

Nostalgia com Gato e Gramofone ( Pintura de Roberto Chichorro)

Se quiseres compreender-me
vem debruçar-te sobre minha alma de África,
nos gemidos dos negros dos cais
nos batuqes frenéticos dos muchopes
na rebeldia dos machanganas
na estranha melancolia se evolando
duma canção nativa, noite dentro.....

in Se me quiseres conhecer, Noémia de Sousa

Bailações ( Pintura de Roberto Chichorro)


É preciso plantar
mamã
é preciso plantar

é preciso plantar
mamã
nas estrelas
e sobre o mar

nos teus pés nus
e pelos caminhos

é preciso plantar
......

in É preciso plantar, Kalungano

Mercado Suburbano( Pintura de Roberto Chichorro)



......

Teu coração de música e aço

tão só batia

ao compasso da liberdade

e ao ritmo milagroso do amor.

......



in Josina Machel cidadã do mundo, Rosália Tembe

Roberto Chichorro ( Pintor Moçambicano)


terça-feira, março 07, 2006

As cores dos dias

Há dias assim... de várias cores

Nos dias negros névoas toldam-te o olhar, sentes-te prestes a rebentar, apetece-te fugir e por vezes até matar (morres sempre um bocadinho)
Em dias brancos acendes velas, insenso, inspiras leveza e harmonia como se nada no mundo fosse mudar. Como se a vida jorrasse por cada poro. O teu hálito é doce (acaricias o mundo)


Nos dias vermelhos o negro é cabedal, latex. Pintas paredes, os lábios, sentes-te deslizar em movimentos lentos porém poderosos. Os olhos escurecem (a distância é estratégia de aproximação) as mãos aquecem (incendeias e incendeias)
Ainda tens dias azuis, lentos, iguais, não pensas, leva-te a rotina embalada... e duram tanto tempo...(desesperas)

E é o que nos dá colorido à vida amiga!


Mar

Just a bad, bad day...


....sim! corri, sorri,tive uns contratempos,fiz 1 viajem em vão, chorei...

Mas como precisava de algo positivo para continuar o dia, lembrei-me que há uns tempos atrás (1 mês, 2 meses) recebi esta flor de quem não tinha nenhuma foto para me dar!
Talvez já adivinhasse no seu cheiro e formas a delicadeza e ao mesmo tempo a força das mãos que a seguraram....e esse dia bom voltou à minha memória, como atenuante para a minha cabecinha albarroada por tanto pensamento negativo! Bem haja quem ma deu! Bem haja todos os gestos delicados.....


Daniel PowterBad Day

Daniel Powter’s MySpace Page

sábado, março 04, 2006

É o poema...

De facto és capaz de ter razão "tão atarefada que inventa poesia para se desculpar...". O dia de hoje foi o exemplo vivo disso. Passei o dia inteiro em seminário e com trabalho projectado que me vai ocupar o próximo mês e seguinte de certeza!!!
E depois...
e depois vingo-me em poesia
como forma de me purgar
daquilo por que fujo
e não quero abraçar!
E assim, nesta comunhão de blog que muito me agrada, apeteceu-me deixar aqui este poema de António Patricio:


É o poema de quem rasga os versos
porque os sentiu demais para os dizer
e os ouve nas ondas tão dispersos
como os sonhos que teve e viu morrer

Até amanhã!

Mar

Because the Nigth

MADRUGADA PONTO NET
Cachorros latem..

A madrugada está na rua

A rede invade...

A madrugada está na linha

A madrugada está na tela do computador.

E a cama vazia...

Meu modem quer madrugar.net,

Encontrar-te em um chat

Visitar o teu saite

Meu modem quer daunlodear-te!

Poema: Marcelo Foto: Paulo Abrantes



digo-te....


VOO NOCTURNO
bebedor de horas angústias
noite coada de lágrimas a fazer de bocados
de urgências mal contida. súplicas de astros
estrelas voando aqui na tua boca fogo
de corpo caído dos meus braços.
aberta a porta do lado, bruma d todos
os ventos no momento imóvel feito alegria.
termo da linha saliva de amargura
imperfeito sentido de viver impetuosa raiz de serenidade.
acabo ramo envelhecido na nudez flácida
desta árvore de anos.
tu vens assim devagar, como tinha de ser
deixas-me de oferenda o riso e a calma
de perder desesperos. perdido o jogo em
alucinações e paisagens.
sonhamos o mesmo sonho de ontem e a
passagem do sol nossa como paixão de luz.
dou-me búzio e outras conchas falando-te
o sono do mar. espuma e algas trago do
último grito tenho-o em mistério.
vejo, amor de madrugadas, cheio de
esquecimento e estradas,cada pedaço de nuvem
caindo da minha janela creio que sinto a
dor de ser verdade estar.
perdida a imagem sombra mais de que
te ver sol com algemas.
descanso no banco das noites de andar
daqui para ali.
insulto-me de sofrer do amor dos outros.
corpo de archotes para a noite a ficar longa
de repemnte.
voz soluçante , quente debruçada
sobre mim.
quero arrancar do chão o espanto de ter
sombra e pressentimentos.
asas de terra com coração latejando-me
nos dedos.
faço-te amante e aventura e digo-te: temos os dias
acordados como loucura
permanente alegria baça de ontem.

dou de repente com os olhos no céu da
minha cidade perdida sem jardins a anunciar
os dias a começar.
dou de repente com o sono poisado na
pared do meu quarto e não durmo cansaços.
é assim que fico. indeferente à fuga. reco-
nheço-a porque se exprime de sombras.
conto-te a história do meu amor com medo
de ter medo e ir de ter de ir pouco a pouco,
passeante, como se fosse domingo em todos
os dias de andar.
justamente com olhos verdes água minha
se pudesse desenhava-te um pássaro ver-
melho de noite, e só com uma asa. tu deves-
-me a outra.
eu, roubei-te a asa do regresso e espe-
ro vem depressa sobre o calor, linha do
meu corpo adormecido.

in Caminhos Ensinados, Conceiçaõ Lobo
Foto:


Primeira vez


Mar